Heloisa Malta era a “diferente” de sua família. Enquanto sua mãe, tia e irmãos sempre foram agitados, sociáveis e sexualmente muito bem resolvidos, ela preferia levar sua vida de forma tranquila, sem grandes comoções e sem chamar muita atenção. Tímida, a bibliotecária e escritora de romances nas horas vagas sempre sentiu-se muito mais à vontade na companhia de um bom livro do que lidando com pessoas. Apesar de estar feliz desse jeito, entretanto, sentiu a necessidade de movimentar um pouco sua vida após reclamações de suas leitoras — e da sua família — para tornar suas estórias “água-com-açúcar” um pouco mais realistas e, quem sabe, mais apimentadas também.

Uma noite… uma boate…

O moreno de longos cabelos castanhos, de olhar profundo e sorriso avassalador a encantou desde que os olhares se cruzaram no ambiente pouco iluminado e barulhento. A voz aveludada, cada palavra dita com sensualidade e os beijos irresistíveis foram capazes de transportá-la para um universo paralelo… ou para um depósito secreto da boate. O sexo intenso foi um resultado aceitável. E as reações malucas que ela teve ao notar que estavam sendo observados por um outro homem, grande e cheio de tatuagens, de olhos azuis vívidos e beleza de tirar o fôlego, também foram totalmente aceitáveis, apesar de estranhas. Era para ser apenas uma pesquisa de campo bem sucedida para enriquecer seus livros. E aquela loucura sem precedentes em sua vida certinha teria ficado escondida pelas paredes escuras daquele depósito, não fosse o destino brincalhão mostrar que se você foge dele, ele bate à sua porta. Literalmente. Dois homens belos e intensos. Dois "acidentes de percurso" grandes, encantadores e insistentes que o Universo trouxe para habitar o apartamento ao lado. "Sempre juntos", era o que eles diziam. Ou quase isso. E depois daquela noite a vida calma, segura e tranquila de Heloisa nunca mais seria a mesma.